Em entrevista à Executiva.pt, a CEO da Fuel, e membro da Rede Mulher Líder, fala do seu regresso à empresa com novas funções, e de como foi gerir em plena pandemia.
‘Em meados de 2019, iniciei o meu estágio de “aprendiz de CEO”. Já tinha liderado uma equipa de 40 pessoas, mas que fui formando e contratando aos poucos, o que é bastante diferente de entrar para liderar uma equipa de 85, em que o desconhecimento era o único elemento comum. Menos de um ano depois, dou por mim a ter de liderar essa mesma equipa em plena pandemia. Um estágio com tudo a que tinha direito. Os desafios foram de vários níveis, desde a adoção de novas ferramentas (teams, zoom, documentos pesados em rede, vídeo, imagem, VPN) desconhecidas para a maioria da nós até ao envolvimento de todos os níveis da equipa à distância, procurando criar momentos de entrosamento como aqueles que temos quando estamos em presença física, nomeadamente os momentos de conversa informal da copa, do almoço e do café’, relata Susana Coerver, que foi anteriormente responsável pelo marketing e comunicação da marca portuguesa Parfois.
‘O setor da comunicação teve consequências drásticas com agências a reduzir pessoal logo no início da pandemia, ou salários que chegaram a cortes de 35%, segundo fontes da APAP, e nós felizmente estávamos a passar ao lado de tudo isso’, recorda.
‘Mas em Agosto, a perda de um grande cliente e a redução de trabalho recorrente de produção, resultaram em decréscimo de negócio e consequente redução de equipa. Se reduzir equipa é sempre uma situação difícil, fazê-lo em tempos de pandemia ainda mais. Foi um tempo longo e duro para a moral da equipa, mas com a relação de proximidade e transparência estabelecida, ao mesmo tempo, foi compreendido por todos.
Em paralelo, muito tempo e dedicação a new business. Houve uma altura em que todas as oportunidades de negócio, por mais pequenas que fossem, eram importantes, pois eram vistas como a hipótese de manter mais um elemento da equipa. Mas foi muito duro. Muito trabalho, fins de semana consecutivos a trabalhar, mas também é nestes momentos que se vê de que é que uma equipa é feita e aquilo a que assisti foi algo sem precedentes, em força, determinação, resiliência, trabalho e espírito de missão.
Se há algo de que me orgulho é de termos destruído o mito de que as agências grandes são transatlânticos lentos e difíceis de mudar. Fomos os primeiros a sair à rua com campanhas para o Continente e a Worten. E no desconfinamento para a CP e Carris. Rapidez e agilidade. Formar equipas de projeto com os clientes e reuniões frequentes de steering foram estratégias fundamentais de adaptação que não voltarão atrás’, afirma.
‘Nesta pandemia percebi que pude dar mais uso à minha feminilidade’, relata a propósito de especificidade de competências. ‘A verdade é que não só o momento o propiciou, como o facto de estarmos a tentar acelerar um mundo com mais mulheres na liderança faz com que já seja menos “exótica” e “diferente” a liderança feminina fazendo com que não tenhamos que nos camuflar com armas e bigodes.
Agregar, proteger, ouvir, mais humanidade, mais abertura à diferença, a mudar de opinião. E a vulnerabilidade. Um dia desabei! Foi no Natal: despedimentos, família doente, Natal estragado. Chorei. Mas nem por isso perdi a força e deixei de lutar. Houve dias piores mas houve dias melhores e fui aproveitando esses dias para ganhar avanço em relação aos dias piores.
Celebrar as vitórias é muito importante e é uma lição muito importante que a equipa me deu. No dia em que ganhámos um new business importante um dos colaboradores disse-me que eu não parecia muito feliz e que deveria estar. Foi muito importante este momento. Não só porque me chamou à atenção de algo importante: SIM, ainda mais em tempos como estes é fundamental celebrar, como também o facto de ter uma equipa que se sente à vontade para me chamar a atenção e ajudar-me a melhorar. Consigo identificar no ano que passou vários momentos como este’.
Aceda aqui à entrevista completa publicada pela Executiva.pt