Nasceu na Alemanha, filha de pai alemão e mãe brasileira, mas sente-se portuguesa de ‘alma e coração’.
Formada em gestão e com MBA em estratégia empresarial, Kathy Fesht Barroso aceitou em 2010 o desafio de integrar a estratégica de crescimento do grupo empresarial da família, o FehstGroup sediado em Braga, que passava pela aquisição de atividades que fossem complementares do negócio principal, especialmente direcionado para a produção de componentes para a indústria automóvel.
Foi neste contexto que surgiu o projeto de aquisição da SIROCO, uma empresa de soluções na área da automação e robótica, que passou a gerir a quatro mãos, com o seu marido, desde 2015.
A empresa tinha sido criada em 1988 por dois engenheiros vindos da Renault, com o objetivo de se tornar uma empresa de referência na indústria metalomecânica para o setor automóvel e já estava em velocidade de cruzeiro, e com uma carteira de clientes interessante, quando a vida propôs uma alteração de rota aos seus fundadores, que quiseram dedicar-se a outros projetos e libertar-se da responsabilidade da gestão.
Numa conversa para o podcast ‘Nas Empresas com quem decide’ do Diário de Notícias, em parceria com a Rede Mulher Líder, a atual CEO da SIROCO partilha a sua experiência em processos de aquisição de empresas e defende a permanência temporária da antiga gestão para uma transição bem sucedida.
‘É muito importante manter a gestão antiga connosco para aprender’, afirma a empresária, que quando da aquisição do negócio acordou com os antigos proprietários da empresa um ano para passagem de testemunho.
‘Para a SIROCO, da nossa parte, fui eu, o meu marido, e um outro colaborador, e durante esse primeiro ano o que fizemos foi processo de aprendizagem, o que é a atividade, quem são as pessoas da equipa, o que é que nós fazemos, como fazemos… foi muito importante termos esse ano de transição’, relata, e destaca especialmente os casos em que os negócios a gerir são diferentes.
A partir daí, assumiram em definitivo a gestão e iniciaram o ‘trabalho complicado que foi implementar o modelo de gestão, que tínhamos nas outras empresas do Grupo também na SIROCO’, recorda Kathy Fesht Barroso. ‘Não correu bem porque são atividades diferentes, nas outras empresas fazemos produção em série, na SIROCO fazemos protótipos e tivemos muitas dificuldades em trabalhar com isso’, explica.
‘Debatemo-nos alguns anos a trabalhar com este modelo e, em 2015, cheguei à conclusão que não dava. Fiz a proposta ao meu pai para separar a SIROCO do grupo empresarial, ele aceitou, e a partir de 2015 a SIROCO passou a ser outra vez uma empresa independente gerida por mim e pelo meu marido’.
Kathy Fesht recorda que o trabalho duro de implementação de um sistema integrado de gestão altamente costumizado para as necessidades da empresa, cobrindo as principais áreas de negócio começou aí.
Sobre as vantagens ou desvantagens de iniciar uma empresa do zero ou fazê-lo a partir da aquisição de um negócio já existente, a gestora considera que as soluções implicam desafios diferentes e dependem muito do que o empreendedor pretende fazer.
‘Começar um negócio do zero tem um risco, tem um grau de incerteza muito grande’, e implica ‘ter um produto próprio ou uma ideia nova’. É preciso não ter medo de arriscar e não ter medo de errar’, afirma.
Para quem pretende pegar num negócio já existente, aconselha os novos gestores a não abdicarem de um período de transição ainda com a administração antiga, para facilitar a transferência de poderes sem haver quebra de confiança.
Ponderação, resiliência e espírito empreendedor são requisitos que considera importantes para quem quer abraçar a atividade empresarial. ‘Temos que ser muito flexíveis e ter o sangue frio nas alturas certas e tomar as decisões difíceis’, afirma a empresária, para quem o alinhamento das equipas com a administração é chave. ‘É preciso ter uma visão clara com objetivos mensuráveis e que seja compreendida por toda a equipa’, conclui.
Sediada em Aveiro, a SIROCO, que acabou de receber o Estatuto Inovadora COTEC 2021, pela qualidade do seu desempenho na área da inovação, desenvolve soluções de automação industrial e robótica destinadas aos setores automóvel, elétrico, eletrónico, entre outros, orientadas maioritariamente para o mercado externo.
Aceda aqui à entrevista completa para o podcast do DN ‘Nas Empresas, com quem decide’, numa parceria com a Rede Mulher Líder.